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Platão de Atenas(cerca de 428/7-348/7 a.C.)
filósofo grego nascido em Atenas. foi profundo admirador de seu mestre Sócrates. Seu verdadeiro nome era Aristoclés, em uma homenagem ao seu avô. Platos significa largura, e é quase certo que seu apelido veio de sua constituição robusta, ombros e frontes largos, um porte físico forte e vigoroso, que o fez receber homenagens por seus feitos atléticos na juventude. A excelência na forma física era apreciada ao extremo na Grécia Antiga, e ocupa um lugar central na educação ideal conjeturada por Sócrates e seus companheiros no diálogo A República, juntamente com a música, na qual está inclusa a parte da literatura que não é poesia, banida. Os diálogos de Platão estão cheios de referência à competição dos jovens no atletismo. Deve-se lembrar também das grandes honras que eram conferidas aos vencedores dos Jogos Olímpicos, feitos em homenagem a Zeus. Porém, como veremos o corpo em Platão é subordinado à alma, mero invólucro aprisionante do qual o filósofo deve se libertar. É possível também, segundo alguns autores, que o apelido Platão tenha vindo da amplitude de seu estilo e pensamento, mas é menos provável, visto que Platão só escreve seus diálogos depois da morte de Sócrates, e segundo o próprio Platão narra, já era chamado assim por seus companheiros.
Aristócles, nosso futuro Platão, nasceu filho de Ariston e Perictione, ou Potone. Diógenes Laércio afirma que sua ascendência recua até o grande legislador Sólon, por parte de mãe. Vejamos sua genealogia. O irmão de Sólon, Diopides, era pai de Crítias. Não se deve confundir este Crítias com o sofista Crítias, filho de Calaiscros (ou Calescros), que educou Sócrates na juventude. Este parente de Platão era um dos Trinta Tiranos, grupo criado para governar Atenas em
E aqui já existe uma controvérsia, como alías, em quase tudo que se relaciona a esse filósofo. Alguns como C. F. Hermann, defendem que Glauco e Adimanto não são irmãos, mas tios de Platão. Diógenes fala deste tio de Platão, do irmão Glaucón e de mais um filósofos ateniense chamado Glaucón. Este Glaucón filho de Calaiscros era pai de Cármides e de Perictione - mãe de Platão. Cármides é um personagem de um diálogo de Platão que leva seu nome. O Crítias amigo de Sócrates é primo de Cármides, o que leva crer que Cármides é filho do irmão de Glaucón.
Platão tornou-se aprendiz de Sócrates por volta dos vinte anos. Descobre nele e sua dialética um prazer, e se torna um "amante da sabedoria". Acompanhou de perto todos os passos do julgamento de seu mestre, e o seu fim trágico marcou-o profundamente, deixando seqüelas para o resto de sua vida. Depois da morte por envenenamento de Sócrates, desiludiu-se de vez com a democracia ateniense e partiu em peregrinação pelo mundo. No trajeto de sua viagem que chega até nós, teria passado pelo Egito, onde ouviu da classe clerical que governava a terra, que a Grécia era um país infante, sem tradições nem uma cultura profunda. Foi a Esparta onde conheceu a cultura militar, e aos que meninos abandonavam seus pais para viverem uma vida dura nas montanhas, em exposição aos elementos naturais, e onde os governantes se misturavam com o povo, pois comiam e dormiam juntos. Passou também pela Itália, onde conheceu os pitagóricos e sua seita. Peregrinou durante doze anos, quando retornou a Atenas com quarenta anos. Especula-se que teria, antes disso, ido ainda até a Judéia e chegado às margens do Ganges, onde teria aprendido a meditação mística dos hindus. Deixou, escritos em forma de diálogos, feitos para o leitor comum de sua época. Ao que parece a obra chegou completa, ou quase, até nós. Isso se deve ao fato de Platão ser muito conhecido na sua época, por ter fundado em Atenas sua Academia, (assim chamada por estar no jardim do herói grego Academos) onde se ensinava Matemática, Ginástica e Filosofia. Ele valorizava muito a matemática, por ela nos dar a capacidade de raciocínio abstrato. Na entrada da de sua academia, havia a seguinte afirmação: "Que aqui não adentre quem não souber geometria". Também disse acerca de Deus: "Ele eternamente geometriza". Seriam trinta diálogos, dentre os quais os mais conhecidos: Apologia de Sócrates (onde torna público o discurso que Sócrates fez em seu julgamento); Hippias Maior (o que é o belo?); Eutifron (o que é a piedade?); Mênon (o que é a virtude? Pode ser ensinada?). Esses São os chamados diálogos aporéticos e maiêuticos, pois as questões propostas não são resolvidas e o leitor é convidado a prosseguir a pesquisa, após ter purificado seu falso saber. No segundo grupo temos Teeteto (o que é a ciência?); Fédon(sobre a imortalidade da alma, faz um relato dos últimos dias de Sócrates); Crátilo (explica a relação entre as coisas e os nomes que lhes são dados, são eles inatos ou dependem da convenção?); o Banquete (sobre o amor ao belo); Górgias (sobre a violência, faz a distinção entre a filosofia e a sofística) e o mais importante, A República, que é um tratado completo, onde expõe um sistema de governo e o modo vida ideal, e o como se chegar até eles. Esses diálogos são com certeza, um grande legado da filosofia e literatura, pois Platão elevou a filosofia também ao gênero literário.
A República começa com um sofista, Trasímaco, declarando que a força é um direito, e que a justiça é o interesse do mais forte. As formas de governo fazem leis visando seus interesses, e determinam assim o que é justo, punindo como injusto aquele que transgredir suas regras. Para responder a pergunta "Como seria uma cidade justa?" , Sócrates começa a dialogar, principalmente com Gláucon e Adimanto. Platão salienta que a justiça é uma relação entre indivíduos, e depende da organização social. Mais tarde fala que justiça é fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função. A justiça seria simples se os homens fossem simples. Os homens viveriam produzindo de acordo com as suas necessidades, trabalhando muito e sendo vegetarianos, tudo sem luxo. Para implantar seu sistema de governo, Platão imagina que se deve começar da estaca zero. O primeiro passo seria tirar os filhos das suas mães. Platão repudiava o modo de vida com a promiscuidade social, ganância, a mente que a riqueza, o luxo e os excessos moldam, típicos dos homens ricos de Atenas. Nunca se contentavam com o que tinham, e desejavam as coisas dos terceiros. Assim resultava a invasão de um grupo para o outro e vinha a guerra.
Platão achava um absurdo que homens com mais votos pudessem assumir cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o melhor preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público, Mas atrás desses problemas estava a psyche humana, como havia identificado Sócrates, Para Platão o conhecimento humano vêm de três fontes principais: o desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça, respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos indivíduos. Elas se dosariam umas às outras, e num homem apto a governar, estariam em equilíbrio, com a cabeça liderando continuamente. Para isso, é preciso uma longa preparação e muita sabedoria. O mais indicado, para Platão, é o filósofo: "enquanto os filósofos deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão no mesmo homem, e as cidades sofrerão os males".
Para começar essa sociedade ideal, como dissemos, devem-se tirar os filhos dos pais, para protegê-los dos maus hábitos. Nos primeiros dez anos, a educação será predominantemente física. A medicina serve só para os doentes sedentários das cidades. Não se deve viver para a doença. Para contrabalançar com as atividades físicas, a música. A música aperfeiçoa o espírito, cria um requinte de sentimento e molda o caráter, também restaura a saúde.
Para Platão, a inspiração e a intuição verdadeira não se conseguem quando se está consciente, com a razão. O poder do intelecto está reprimido no sono ou na atenção que aflora com a doença. Ele então critica o controle da lei e da razão à certos instintos que ele chama de ilegais.
Depois dos dezesseis anos, e de misturar a música para lições musicais com a música pura, essas práticas são abandonadas. Assim os membros dessa comunidade teriam uma base psicológica e fisiológica. A base moral será dada pela crença
Aos vinte anos, chegará a hora da Grande Eliminação, um teste prático e teórico, Começa a divisão por classes da República. Os que não passarem serão designados para o trabalho econômico. Depois de mais dez anos de educação e treinamento, outro teste. Os que passarem aprenderão o deleite da filosofia. Assim se dedicarão ao estudo da doutrina e do mundo das Idéias.
O mundo das Idéias seria um mundo transcendente, de existência autônoma, que está por trás do mundo sensível. As Idéias são formas puras, modelos perfeitos eternos e imutáveis, paradigmas. O que pertence ao mundo dos sentidos se corrói e se desintegra com a ação do tempo. Mas tudo o que percebemos, todos os itens são formados a partir das Idéias, constituindo cópias imperfeitas desses modelos espirituais. Só podemos atingir a realidade das Idéias, na medida em que pelo processo dialético, nossa mente se afasta do mundo concreto, atravessando com a alma sucessivos graus de abstração, usando sistematicamente o discurso para se chegar à essência do mundo. A dialética é um instrumento de busca da verdade.
Platão acreditava numa alma imortal, que já existia no mundo das Idéias antes de habitar nosso corpo. Assim que passa a habitá-lo esquece das Idéias perfeitas. Então o mundo se apresenta a partir de uma vaga lembrança. A alma quer voltar para o mundo das Idéias. Um dos primeiros críticos de toda essa teoria de Platão foi um de seus alunos da Academia, Aristóteles.
Igualmente conhecida na República é a alegoria da caverna, que ilustra como percebemos apenas parte do mundo, reduzindo-o.
Um grupo de pessoas vive acorrentado numa caverna desde que nasceu de costas para a entrada. Elas vêem refletidas na parede da caverna as sombras do mundo real, pois há uma fogueira queimando além de um muro, depois da entrada. Elas acham que as sombras são tudo o que existe. Um dos habitantes se livra das amarras. Fora da caverna, primeiro ele se acostuma com a luz, depois vê a beleza e a vastidão do mundo, com suas cores e contornos. Ao voltar para a caverna para libertar seus companheiros, acaba sendo assassinado, pois não acreditam nele.
Depois de estudar a filosofia, aqueles que forem considerados aptos irão testar seus conhecimentos no mundo real, onde experimentarão os dissabores da vida, ganhando comida conforme o trabalho, experimentando a crua realidade. Aos cinqüenta anos, os que sobreviveram tornar-se-ão os governantes do Estado.
Todos terão oportunidades iguais, mas na eliminação serão designados para classes diferentes. Os filósofos-reis não terão nenhum privilégio, tendo só os bens necessários, serão vegetarianos e dormirão no mesmo lugar. A procriação será para fins eugênicos, o sexo não será apenas por prazer. Haverá defensores contra inimigos externos, os guardiões, homens fortes, dedicados à comunidade. Não haverá diferença de oportunidade entre o sexo, sendo cada um designado a fazer uma tarefa de acordo com a sua capacidade.
Platão fala da renuncia do individuo em prol da comunidade, impondo inúmeras condições para a vida. Ele atenta para um problema muito preocupante em nossos dias: a superpopulação. Os homens só poderiam se reproduzir entre os trinta e quarenta e cinco anos, e as mulheres entre os vinte e quarenta anos. Também a legislação de Esparta; que muito inspirou Platão, e a proposta de Aristóteles na Política leva em conta este aspecto. Assim, resumidamente seria o Estado ideal, justo. O próprio Platão fala de dificuldade em se fazem um empreendimento dessa natureza. Um rei ofereceu à ele terras para fazer sua República, ele aceitou, mas o rei ficou sabendo que quem iria governar eram os filósofos e mudou de idéia. Platão morreu em uma festa, onde se afastou num canto e dormiu. Quando foram, acordá-lo de manhã, já estava morto. Uma multidão acompanhou-o até o túmulo.
mto chato e nao esclarece nada
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