Pitágoras de Samos em 3 tempos - Parte II
Logo depois de fundar a Irmandade,
Pitágoras criou a palavra filósofo e definiu os objetivos da escola. Em um belo dia, quando assistia aos jogos olímpicos,
Leon, príncipe de
Pilos, perguntou a
Pitágoras como ele descreveria a si mesmo.
Pitágoras respondeu dizendo que era um filósofo. No entanto, Leon por nunca ter ouvido a palavra antes, pediu uma explicação e ele disse o seguinte: A vida, príncipe Leon, pode muito bem ser comparada a estes jogos. Na imensa multidão aqui reunida alguns vieram à procura de lucros, outros foram trazidos pelas esperanças e ambições da fama e da glória. Mas entre eles existem uns poucos que vieram para observar e entender tudo o que se passa aqui. Com a vida acontece à mesma coisa. Alguns são influenciados pela busca de riqueza, enquanto outros são dominados pela febre do poder e da dominação. Mas os melhores entre os homens se dedicam à descoberta do significado e do propósito da vida. Eles tentam descobrir os segredos da natureza. Este tipo de homem eu chamo de filósofo, pois embora nenhum homem seja completamente sábio, em todos os assuntos, ele pode amar a sabedoria como a chave para os segredos da natureza. Ninguém fora da Irmandade conhecia os detalhes ou a extensão de seu sucesso, muito embora conhecesse as aspirações de
Pitágoras. Ao fazer parte da Irmandade os membros eram obrigados a jurar que jamais revelaria alguma descoberta matemática, ao mundo exterior, sob pena de serem castigados. Ademais, a sua doutrina era parcialmente secreta e os seus adeptos atribuíam ao mestre e fundador todas as conquistas alcançadas.
Em vista da Irmandade ter seu aspecto religioso. O pitagorismo assentava-se fundamentalmente em crença na imortalidade da alma, cuja purificação ocorreria através de sucessivas reencarnações em corpos vivos, até que ela viesse a ter condição de libertar-se de invólucros mortais para confundir-se com o espírito divino. Com o propósito de imprimir peso moral à religião, atribuiu-se especial relevo à doutrina da metempsicose ( Transmigração da alma de um corpo a outro, ou seja, reencarnação da alma, após a morte, num corpo humano, animal ou num vegetal. Essa teoria caracterizou algumas religiões antigas no Egito, na Índia e na Grécia, integrando a doutrina do carma, ( Carma ou Karma) princípio fundamental reconhecido pelas três grandes religiões indianas, que repousa sobre a concepção da vida humana como elo de uma cadeia de vidas (sansara) , sendo cada vida determinada pelas ações da pessoa na vida precedente ) que está na base de religiões como o bramanismo, o hinduísmo, o budismo e o espiritismo ), que tinha papel importante a desempenhar no esquema comportamento-recompensa. A escola pitagórica se diversificou em dois ramos de estudos científicos sendo que um deles tratava da teoria matemática que englobava a astronomia e a arte médica e o outro ramo se dedicava à doutrina metafísica, que posteriormente passou a ser denominada de doutrina dos números a qual foi exposta pela primeira vez por
Filolau.
“Associou o número à música e à mística, derivando-se dessa associação pitagórica os termos, média harmônica e progressão harmônica”. Como conseqüência de várias observações, concluíram que a relação entre a altura dos sons e a largura da corda da lira seria responsável pela existência da harmonia musical. Observaram, também, que os intervalos musicais se colocam de modo que admite expressão através de progressões aritméticas. É bom ressaltar que as observações dos pitagóricos tiveram caráter puramente empírico, as quais previram apenas os diferentes comprimentos das cordas do heptacórdio, ou lira (instrumento musical de cordas pinçadas, num total de sete cordas, usado na Antigüidade, composto de uma caixa com duas hastes curvas em forma de U, sustentadas por uma barra transversal), pois nada sabiam a respeito de número de vibrações. Os pitagóricos colocaram em evidência o conceito de harmonia, palavra que não teria o significado de agradável reunião de vários sons, mas o sentido de ajustamento ordenado de partes e, em especial, o de afinação de um instrumento musical. No campo da astronomia, para os pitagóricos, a terra era esférica, uma estrela entre as estrelas, onde todas se moviam em torno de um fogo central. Diziam que suas distâncias do fogo central coincidem com intervalos musicais, de modo que no universo ressoa uma harmonia das esferas.
Alguns deles afirmaram a rotação da terra sobre o seu eixo. No século III a.C., Aristarco de Samos, compatriota de Pitágoras, ensina a rotação da terra em torno do sol, adiantando-se, assim, à visão de Copérnico do sistema solar. Observaram, também, que em face do deslocamento dos astros haveria uma ordem que dominava o universo. Evidências dessa ordem estariam na sucessão de dias e noites, no alternar-se das estações, no movimento circular e perfeito das estrelas. Em razão disso, o mundo pode ser chamado de Kósmos, denominação que a ele teria sido aplicada pela primeira vez por Pitágoras e que é palavra intraduzível, na qual se diz estarem contidas as idéias de ordem, de correspondência e de beleza. Para fazer alusão com respeito à perfeição do plano do mundo, Pitágoras teria sido o primeiro a usar o termo “harmonia das esferas”. Passando do campo da astronomia para o dos números, este apareceu em tempo como solução possível para apaziguar as ásperas controvérsias doutrinárias entre os partidários de Parmênides e de Heráclito, tendo a doutrina pitagórica à originalidade de propor algo imaterial como o princípio de explicação do mundo, e se o número, por sua homogeneidade e invariabilidade lembrava, de um lado, o ser eleático, ou seja, um ser único de imobilidade absoluta mostrava-se, por outro lado, capaz de expressar as relações legais disciplinadoras do permanente processo de mutação em que se fazia consistir o cambiante ser heraclitiano, ou seja, um ser que expressa justiça e harmonia profundas.
Em breve mais atualizações, aguarde.
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Muito bom o blog, adorei!
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