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Um clássico da matemática

[♀]Matemática na Veia 2007-2016 O Blog do Estudante Inteligente

Relatos de erros e correções em relação ao português serão bem vindos e podem ser esclarecidos através do RH - Sugestões e Reclamações.

 
Um clássico da matemática

HÁ 150 ANOS ERA PROPOSTO POR RIEMANN UM NOVO MODELO DE GEOMETRIA 

A palestra dada em 10 de junho de 1854 por Bernhard Riemann se tornaria um clássico da matemática. Nela, com base em uma linguagem intuitiva, esse matemático alemão apresentou, a uma audiência de docentes da Universidade de Göttingen, um conjunto de conceitos e postulados que, mais tarde, passaria a ser conhecido como geometria riemanniana, da qual a geometria euclidiana é um caso particular. A audaciosa concepção de Riemann não foi bem entendida em sua época. Porém, ao longo do século passado, serviu de base para o desenvolvimento de outros modelos de geometria e de teorias da física, como a relatividade geral.

“Gostaria de ouvir o que este rapaz tem a dizer sobre este assunto.” Assim falou o velho CarlFriedrich Gauss (1777-1855), considerado o maior matemático de sua época, quando escolheu o tópico sobre o qual Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-1866) deveria falar em sua dissertação para obter, em 1854, na Universidade de Göttingen, a chamada habilitação, um tipo de certificado de pós-doutorado necessário para se tornar professor universitário na Alemanha. Segundo o regulamento, Riemann havia indicado três tópicos, dos quais a banca examinadora escolheria um. Tradicionalmente, a escolha recaía sobre o primeiro. Entretanto, Gauss, ao notar que o terceiro tópico se intitulava Sobre as hipóteses nas quais se fundamenta a geometria, resolveu escolher este último.

A curiosidade de Gauss era plenamente justificada.

Um problema importante da geometria nessa época era saber se o quinto postulado da geometria plana de Euclides (século 3 a.C.) – “De um ponto fora de uma reta pode ser traçada uma única paralela a esta reta” – podia ou não ser demonstrado a partir dos outros quatro postulados (ver ‘Cinco postulados de Euclides’). Por séculos, as tentativas de provar esse quinto postulado, a partir dos outros, fracassaram. Já em 1824, Gauss escreveu a um amigo que estava convencido da existência de uma geometria na qual o quinto postulado não era válido. Isso, na época, era uma idéia revolucionária, e Gauss nunca publicou seus resultados. Só em torno de 1830, o matemático russo Nikolai Lobachewski (1792-1856) e o húngaro János Bolyai (1802-1860), independentemente, publicaram a construção sistemática de tal geometria.

Restava um problema fundamental. Não existia um modelo dessa nova geometria, única maneira de garantir que não se poderia achar alguma contradição nas construções de Lobachewski e Bolyai. Lendo-se os trabalhos de Gauss, percebe-se que ele acreditava que uma superfície de curvatura negativa constante, como mostra a figura 1, poderia ser tal modelo – a curvatura em um ponto é o produto da maior pela menor das curvaturas de todas as curvas da superfície que passam pelo ponto. Entretanto, todos os exemplos dessas superfícies têm pontas ou arestas, o que contradiz o segundo postulado de Euclides. É nesse quadro que se situa o trabalho de Riemann.

 
Figura 1. 

Uma superfície de curvatura negativa constante. A geodésica indicada não pode ser prolongada além da aresta, e isso contradiz o segundo postulado de Euclides.
Usando uma linguagem intuitiva, sem definições precisas nem demonstrações cuidadosas, Riemann, durante sua dissertação em 1854, introduziu o que hoje chamamos uma variedade de dimensão n (um objeto que generaliza a noção de superfície para qualquer dimensão e sem menção a um espaço ambiente) e postulou que uma geometria era um modo de medir comprimentos em tal variedade.
A partir daí, são definidas as curvas “mais curtas entre pontos próximos”, chamadas geodésicas, que irão desempenhar o papel de retas nessa geometria.

 
Figura 2

Uma geodésica de uma esfera Ligando os pontos p1 e p2.

Ela é o caminho mais curto, medido sobre a superfície, entre todos os caminhos que ligam p1 a p2.

Gauss havia provado que a curvatura de uma superfície dependia apenas de medidas feitas sobre ela. Riemann aproveitou esse fato e, levando em conta que a geometria por ele definida, dependia de medidas feitas na variedade, definiu a curvatura de uma variedade de tal modo que a curvatura de uma superfície passou a ser um caso particular da noção de curvatura de uma variedade de Riemann. O caso mais simples dessa situação é o espaço euclidiano usual, no qual as geodésicas são retas, e a curvatura é identicamente zero. Riemann afirmou – mas não provou – que se a curvatura é zero por toda parte, então a variedade é localmente – isto é, nas proximidades de um ponto – o espaço euclidiano usual. Desse modo, a geometria euclidiana é apenas uma entre as geometrias de Riemann, e é possível provar, como Gauss havia previsto que as variedades de curvatura negativa constante fornecem modelos para geometrias que não satisfazem o quinto postulado de Euclides.

A audaciosa concepção de Riemann não foi bem entendida em sua época, e só lentamente se desenvolveu o que hoje chamamos geometria riemanniana. Um dos pontos importantes nesse desenvolvimento foi a teoria da relatividade geral do físico alemão Albert Einstein (1879-1955), de 1916, que utilizou a linguagem introduzida por Riemann e por seus sucessores – especialmente, os alemães Elwin Christoffel (1829-1900) e Wilhelm Killing (1847-1923) e os italianos Gregorio Ricci-Cubastro (1853 1925) e Tulio Levi-Civita (1873-1941). O século passado presenciou um desenvolvimento intenso da geometria riemanniana. Além disso, inspirados por Riemann, foram criados outros modelos de geometrias: a teoria das conexões, as G-estruturas, a teoria do calibre, entre outras.
 
A decisão sobre qual geometria é adequada para descrever o universo – ou se tal geometrização é sequer possível – continua em aberto. Mas isso, parafraseando o profético final do artigo de Riemann, “nos levaria ao domínio de outra ciência, o domínio da física, no qual a natureza da presente exposição não nos permite penetrar”.

Os Cinco Postulados de Euclides.
 
1º Dois pontos determinam uma única reta. 

2º A partir de qualquer ponto de uma reta é possível marcar sobre ela um segmento de comprimento arbitrário. 

3º É possível traçar um círculo com centro arbitrário e raio arbitrário.

4º Todos os ângulos retos são iguais (Definição de ângulo reto: Se duas retas que se cortam formam ângulos iguais, o ângulo comum assim determinado é chamado reto). 

5º Por um ponto do plano fora de uma reta passa uma única paralela a essa reta (retas paralelas de um plano são aquelas que prolongadas indefinidamente não se encontram). Irão desempenhar o papel de retas nessa geometria (figura 2).

REFERÊNCIAS:

Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) - Manfredo P. do Carmo
           CIÊNCIA HOJE • v o l . 35 • n º 205

Em breve mais atualizações, aguarde.


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Antonio Sobre a Autor:
Antonio Blogueiro desde 2007, gaúcho, gosta muito de ler, e é totalmente viciado em internet. Comecei blogar em 2005, e criei o Matemática na Veia no inicio de 2007. Sou formado em licenciatura Plena em Matemática pela UFPEL. Servidor Público,e fanático pela Web.
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2 Comentários:

  1. vc deveria pelo menos dá os créditos a revista onde o Manfredo Publicou este artigo. Se não souber, posso passar pra você!

    Att,
    Francisco Medeiros

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  2. Opa Francisco!!! Desculpa a demora.
    Francisco, com certeza peca muitas vezes nestes detalhes de direitos, pois sou muito afobado, e totalmente Perdido com meus arquivos.
    Mas se você tem, pode passar que eu coloco sim o endereço da revista.
    Qualquer coisa errada, ou dica, pode falar que eu to aí para aprender.
    Obrigado e um abraço

    ResponderExcluir

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